Cultura

Prazer em servir: conheça Nelson Faneco, garçom há mais de 60 anos em Londrina

por Mariana Paschoal 08.04.20
Obs: conteúdo criado antes da quarentena do coronavírus

 

Você já imaginou trabalhar no mesmo lugar por 54 anos? Aposto que na cabeça das gerações mais jovens, essa ideia é praticamente inconcebível. Mas essa é a realidade de Nelson Faneco, que no auge (sim, auge) de seus 80 anos, é o garçom mais famoso de um dos restaurantes mais famosos da cidade: o Rodeio.

Apesar dos 54 anos no Rodeio, Faneco é garçom há mais de 60. Ele já passou por bares e restaurantes que nem existem mais, como o Bar Lavoura, Bar Pérola e a Confeitaria União. A história do londrinense - nascido e criado - se mistura com a da própria cidade e com as desses estabelecimentos históricos. Afinal, quando Nelson Faneco nasceu, em 1939, a cidade de Londrina tinha apenas cinco anos de existência. 

Trajetória

“A gente servia sanduíche das quatro da manhã às quatro da tarde no Bar Lavoura. De madrugada, a gente atendia os jogadores de baralho e de manhã, as pessoas que chegavam na rodoviária”, relembra com uma incrível precisão de datas: isso foi em 1956, quando Faneco tinha apenas 17 anos. Do Bar Lavoura, o garçom foi para o Bar Pérola, que funcionava na Avenida Paraná, onde hoje é o Calçadão. Lá, ele ficou apenas cinco meses e depois foi para o Bar e Confeitaria União, onde trabalhou por seis anos. Tudo isso enquanto acompanhava o ápice da evolução urbana de Londrina no começo da década de 1960 e, consequentemente, a transformação da população que sofria um intenso êxodo rural à época.

Nesse ponto, Faneco decidiu mudar um pouco os ares e comprou um carro de praça para ser motorista. Você sabe o que é um motorista de praça? Era o que chamávamos os taxistas lá na metade do século XX. E novamente Faneco escolheu uma profissão com contato direto com os londrinenses. Mas o trabalho como taxista não foi muito próspero, já que o então motorista sofreu um grave acidente enquanto exercia a profissão e precisou deixar de lado por um tempo o espírito trabalhador que vivia dentro dele.

Mas como há males que vem para o bem, foi essa pausa na vida de taxista que o levou a ser garçom do Restaurante Rodeio assim que ele foi inaugurado, em 1966. “Estou tocando aqui até hoje. Vi o local nascer como uma lanchonete 24 horas e se transformar em um restaurante renomado à la carte. Participei de tudo isso e continuo lutando”, conta o garçom.

Ao ser questionado sobre o segredo de ficar tanto tempo em um só lugar, Faneco brinca que “você tem que ser amigo do patrão”. Mas logo em seguida ele revela a verdadeira dica: “é preciso trabalhar sempre com alegria. O segredo é como você trata o freguês. Se ele te dá liberdade, você brinca. Se não, você o respeita e segue a vida”.

Na hora de avaliar a trajetória de mais de 60 anos na mesma profissão e na mesma cidade, Faneco acredita que o povo de Londrina evoluiu muito e, segundo ele, “isso é muito bacana”. E desse povo, muita gente o considera um verdadeiro ícone londrinense, o que ele rebate: “o povo julga a gente, mas a verdade é que eu sou a mesma coisa que os outros. Não há nada diferente em mim”, afirma. Quanto à aposentadoria, ele é firme e crava que “quando não der mais a gente para”.

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