Eu sou o tipo de pessoa que ama fazer aniversário.  

 Eu gosto de tudo o que envolve a experiência do “ficar mais velha”: reunir as pessoas que eu amo, cantar parabéns, comer bolo, assoprar as velinhas, receber uma enxurrada de recadinhos fofos. O “leonismo” é praticamente indissociável do meu ser. Talvez seja até mesmo um pouco de “leonismo” escrever um texto temático de aniversário, peço, inclusive, desculpas antecipadas por isso, mas gosto de pensar que aqui tenho a liberdade de compartilhar experiências pessoais, numa tímida (e modesta) tentativa de promover uma reflexão, com base nas minhas próprias (às vezes malucas) observações.

E se tem uma data que eu fico reflexiva, é no tal 16 de agosto.

De uns tempos pra cá, tenho adquirido o hábito de fazer uma retrospectiva de todas as coisas que fiz e de tudo o que aprendi em meu “último ciclo”. Gosto de analisar meus erros, meus acertos, os caminhos que percorri, os aprendizados que a maturidade me trouxe. Fazer este exercício me lembrou de uma experiência muito interessante que tive no ano passado, exatamente nessa mesma época.

Eu comecei o ano de 2019 sentindo que seria um ano diferente, um ano de muitas histórias. As expectativas eram altas: estava num emprego novo, planejando viagens, tinha uma dissertação para escrever, anunciaram a turnê do Sandy&Junior. Eu sabia que a rotina não seria fácil, mas eu me sentia preparada pra viver um ano extraordinário (fala sério, quando a gente ia imaginar que Sandy&Junior ia voltar a fazer show? Como esperar menos de um ano desse?).   

Chegamos em abril – recebi a notícia de que havia sido contemplada com uma bolsa de estudos. Não é necessário estar totalmente por dentro dos assuntos de uma universidade pública pra saber que, basicamente, eu havia ganhado um bilhete premiado. Nas palavras da minha orientadora, à época: “luxo, mesmo, não é ter uma bolsa da Louis Vuitton. Luxo é ter bolsa de estudos em meio ao caos que a gente tá vivendo!” 

O grande X da questão é que eu deveria escolher: ou o emprego, ou a bolsa de estudos. Permanecendo no emprego, eu teria melhores condições financeiras, estabilidade, possibilidades de crescimento – mas não teria tempo e flexibilidade. Escolhendo a bolsa, eu teria menos dinheiro, não teria uma carteira de trabalho assinada – mas teria tempo, flexibilidade e, consequentemente, mais qualidade de vida.

Em outras palavras, a minha vida poderia trilhar dois caminhos: escolher o caminho do dinheiro, ou o caminho do tempo. Poderia optar pelo ter, pelo consumir – ou pelo ser, viver. Felizmente, escolhi a segunda opção.

Viver uma vida mais simples, mas com significado, é um processo. Não acontece da noite pro dia. Havia (e ainda há) muitas coisas dentro de mim que precisavam ser desconstruídas, e uma delas está totalmente ligada ao meu consumo desenfreado. Esse papo de desconstrução me lembrou uma coisa que li há pouco tempo, sobre a necessidade de sair da matriz. Sair da matriz é se negar a viver em uma atmosfera alienante, que é envolvente, sedutora. É enxergar o que realmente importa, enquanto o mundo capitalista te diz que você precisa ter para ser... só que na verdade, você só precisa ser. Tudo a ver com o universo envolvente da moda, né?

Por muitos anos da minha vida eu fiquei cegamente envolvida neste desejo compulsivo pelo ter...talvez você também se identifique com isso, mas, da mesma forma que também não temos tanta culpa pelos padrões de beleza impostos pela sociedade, o desejo de adquirir também corresponde a um sistema que nos faz cultivar milhares de crenças limitantes, pensamentos errôneos, altas doses de ilusão... é praticamente impossível não viver dentro da matriz.

Mas sair dela é possível. E é um ato de coragem. É perceber quem realmente somos e deixar de lado, às vezes, tudo aquilo que passamos a vida toda acreditando, para poder viver algo novo. Pra poder criar uma nova realidade.

Fazendo um balanço destes últimos 12 meses pra cá, acho que posso dizer que eu estou conseguindo sair da matriz. Eu entendi, na prática, que o que temos de mais valioso neste mundo é o nosso tempo – e quando isso mudar na sua mente também, eu te garanto que tudo vai mudar.

A mudança começou em mim, mas logo se estendeu para o meu guarda-roupa. Um dia desses, acordei, juntei quase todas as minhas roupas e fiz um brechó. Com o dinheiro arrecadado, conheci o Rio de Janeiro, vi neve em Santiago e chorei igual uma criança no show do Sandy&Junior.

Por fim, se você chegou até aqui, eu quero te lembrar que nada nessa vida você paga com dinheiro – você paga com o seu tempo. Você paga com o seu tempo de vida produtiva. O tempo que você passa produzindo é o mesmo tempo que você passaria lendo um livro, brincando com seu filho ou curtindo uma viagem.

A forma mais rápida de ser menos “hamster” da matriz é levando uma vida mais simples.

Troque suas roupas por memórias!

*Foto: eu e meu casaco amarelo comemorando meu aniversário em Santiago, 2019. Se eu fiz um texto todo falando de mim mesma, porque não colocar uma foto minha também? Desculpa, gente, é meu signo! :) 

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