Além de escrever esta coluna que você lê agora, eu também envio mensalmente para os leitores do @coracaononsense (perfil dedicado aos meus escritos e leituras) uma newsletter, que nada mais é do que uma carta minha pra você, refletindo e problematizando sobre coisas que fazem sentido pra mim e que eu acho que podem fazer para você também.

A carta deste mês foi sobre contato... O que é estar em contato para você?

De acordo com o dicionário, contato é: 1. situação em que dois ou mais objetos, seres, corpos etc. se tocam; toque; 2. comunicação, relacionamento; convívio; 3. junção, conexão.

Em tempos de pandemia, manter o contato físico não é possível e nem indicado, mas a boa notícia é que a conexão entre dois ou mais seres também é construída de outras formas.

Na minha bio daqui, escrevi que escolho a palavra como ponte e como caminho todos os dias. E é verdade. Escrever já me levou a muitos lugares. Foi a partir da palavra que encontrei pessoas que cocriaram comigo, talvez sem nem perceber, quem eu sou hoje. A palavra é meu ponto de contato preferido. E é através das relações que surgem do diálogo que construo a minha rede de contatos — as pessoas que caminham ao meu lado. O que isso tem a ver com viver bem? Absolutamente tudo. É na sua rede de contatos que está a sua rede de apoio. Conversar, dialogar, trocar, olhar para si e olhar para o outro também são formas de cuidar de si e fazer a manutenção da saúde mental. 

Contato é apoio, aproximação, conexão. É a partir dessa relação com as outras pessoas que construímos a nossa singularidade. Nós somos a partir do outro. Nós, seres humanos, somos seres gregários. Ou seja: somos animais racionais que vivem em bando. Os grupos nos compõem. Somos instintivamente coletivos.

“A verdadeira singularidade feita de delicados contatos, de maravilhosos ajustes com o mundo, não podia ser cumprida por um só lado: a mão estendida deveria receber outra mão, vinda de fora, vinda do outro”, Júlio Cortázar escreve no livro O jogo da amarelinha.

De que palavras e pessoas você se nutre? Que tipo de relações tecem os seus dias? E, da sua parte, como você tem sustentado essas relações? Quem são os contatos que te compõem? É urgente estabelecermos outras relações não só com as pessoas à nossa volta, mas com o conjunto, o todo, o comum. Encontrar novos modos de estar junto...

Tecer contatos não se dá apenas com a nossa lista de amigos próximos. Eu, por exemplo, crio uma relação de intimidade e proximidade com as escritoras e escritores que leio. Eles me ensinam, sopram palavras no meu ouvido, me indicam a direção, mesmo que seja pelo caminho das pedras.  

Ultimamente, tenho aprendido muito com Ailton Krenak, líder indígena respeitadíssimo e autor dos excelentes livros Ideias para adiar o fim do mundo e A vida não é útil. São livros curtos, mas gigantescos! Esta coluna é também um convite para que você se deixe entrar em contato com Krenak e escute o que ele tem a dizer.

Em tempos de fórmulas fáceis e receitas milagrosas para o progresso e o desenvolvimento (o nosso e o do planeta), as palavras de Krenak trazem um convite e um alerta importante:  é preciso parar de nos desenvolver e começar a nos envolver. 

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