Você já imaginou se a vida lhe pregasse uma peça e você tivesse que interromper seus sonhos de repente? O que você iria fazer? Victória Barbosa é uma londrinense que passou por uma experiência dessas e pode servir de exemplo de superação para quem se encontra em uma situação parecida. Vamos conhecer uma pouco da trajetória dela?
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Um novo começo: é isso que o paraciclismo significa para Victória, atleta londrinense que, desde criança, não se vê sem praticar esportes.
Por 13 anos, ela foi jogadora de basquete, até sofrer uma lesão em uma partida e perder os movimentos do joelho e do pé esquerdo, quando tinha 17 anos. “Atleta não consegue ficar parado e entrei em desespero. Achei que minha carreira no esporte tinha acabado", conta. A aflição era ainda maior porque Victória tinha o sonho de viajar, competir e defender a seleção brasileira com o basquete. Ela nunca imaginava que poderia realizar tudo isso com outro esporte, até que o paraciclismo apareceu como uma alternativa.
Depois do período de hospitais, cirurgias e recuperação, a atleta viu a necessidade de reagir, de enxergar a vida de outra forma e começou a dar pequenos passos para sair da depressão causada pelo período de adaptação após a lesão. "Eu era uma pessoa muito ativa e, de repente, fiquei de cama. Foi difícil processar tudo", relembra. Um dos pequenos passos que deu foi pensar no paraciclismo como uma nova chance: "aproveitei que meu pai já trabalhava com ciclismo e que esse era o esporte que mais se encaixava nas minhas limitações e comecei a praticá-lo", explica Victória. Os dois, então, adaptaram a bicicleta para que ela conseguisse treinar com os movimentos limitados e, em 2015, a atleta começou a pedalar e a competir.
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Victoria explicou que a porta de entrada para a modalidade é a Copa Brasil de Paradesporto. Na competição, a lesão dos atletas é analisada para que o esportista seja classificado em uma categoria. No caso da londrinense, ela se encaixa na categoria C2, que abrange atletas com espasticidade moderada, acometendo principalmente os membros inferiores e amputações com diversas combinações. Foi nessa categoria, inclusive, que Victória conquistou a medalha de ouro na Copa Brasil de Paraciclismo, que ocorreu em Maringá no ano passado. Outros 90 paratletas de todo o país também participaram do campeonato. “A primeira Copa Brasil que participei foi em 2015, logo quando comecei a treinar o paraciclismo. Acompanhar toda essa evolução é muito recompensador”, comemora.
“A partir desse resultado, comecei a participar de outras competições, receber apoios, a pegar firme e a participar de todos os campeonatos de paraciclismo do país e do mundo”, conta Victória, que em 2018 também participou do Circuito Panamericano e tem a vaga garantida em duas etapas na Copa do Mundo de Paraciclismo que acontecerá em maio na Itália e na Bélgica. O foco agora, segundo a atleta, são os Jogos Paralímpicos de Verão de 2020, em Tóquio. Todos os treinos e competições até lá são direcionados para esse objetivo.
"Eu nunca pensei que ia chegar onde estou agora quando me machuquei e nunca tinha visto o ciclismo com opção. Mas quando vi que o basquete não ia dar mais, comecei a ver outras oportunidades, vi que posso fazer coisas diferentes e fui construindo oportunidades", comemora Victória, que enche a boca para falar que o paraciclismo é uma chave que foi virada para fazê-la sonhar de novo.