Diversidade

Muito além dos laços sanguíneos e da tradição: quatro histórias diferentes de famílias londrinenses

por Mariana Paschoal 15.05.19

O que é família para você?

Se formos analisar as respostas de todos os leitores, com certeza encontraremos respostas diferentes. Isso mostra que família é um termo amplo e pode ser e significar várias coisas. E todos esses significados são comemorados hoje, no Dia Internacional da Família.

A Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 15 de maio como Dia da Família em 1993, com o objetivo de reforçar a importância do núcleo familiar na formação dos indivíduos. De lá para cá, a data também tem sido usada para lembrar a população de que existem diversos tipos de configuração familiar e que todos merecem respeito.

Conversamos com quatro famílias diferentes para saber qual é a visão delas sobre o tema e como os laços afetivos foram criados e mantidos dentro de seus núcleos. Confira:

Leticia + Rui = Lola

“Nosso maior sonho sempre foi ser família que, para nós, tem o sentido de morar no mesmo coração e caminhar lado a lado”. É esse o pensamento que permeia o relacionamento da fotógrafa Leticia Padilha e do profissional de marketing Rui Barboza, que estão juntos há 15 anos.

Para eles, que namoram desde os 15 anos, a chegada das crianças não os transformariam, automaticamente, em família. Para eles, o núcleo familiar é criado com a chegada do respeito, do amor, do afeto e da parceria. “E com isso somos família há anos”.

Depois de 12 anos de namoro, o casal encontrou o momento ideal para casar, e ter filhos também aconteceria no melhor momento e quando tinha que ser. Atualmente, Leticia está grávida de Lola, o que veio mudar a configuração familiar deles e o tamanho do amor que eles compartilham um com o outro: “ A espera por ela tem nos mostrado que o amor cresceu, e que precisou de mais um coração batendo fora dos nossos para caber tanto sentimento”, conta Leticia.

A fotógrafa lembra que a chegada da Lola começou antes da confirmação da gravidez, já que ela e Rui tiveram uma perda gestacional antes da vidinha que se forma agora. “Com certeza isso nos fortaleceu como casal, nos tornando ainda mais próximos”, relata. E para os papais da Lola, tudo tem seu tempo para acontecer.

“Viemos de famílias que nos ensinaram que ser família é habitar onde tem amor e é só isso que importa, por isso acreditamos nas famílias de todo e qualquer tipo, independente das escolhas que são feitas”, finaliza.

Dienifer + Giovanna = Naomi

As empresárias Dienifer Santos e Giovanna Pires estão juntas há seis anos como casal, mas se conhecem desde que têm 13 e 11 anos, respectivamente. Atualmente, elas são em três: o casal e a filha Naomi. “A Naomi veio de mim e a Gi a assumiu como mãe quando ela tinha um ano e três meses. Hoje, ela possui o nome de nós duas no registro”, conta Dienifer.

 
 
 
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A empresária comentou que muita gente pergunta se elas têm uma vida normal. A resposta é sempre a mesma: “moramos nós três como uma família normal, nossa filha estuda em uma escola normal e tem uma criação normal”. Para o futuro, elas esperam que a família aumente no ano que vem.

“Quando pensamos em família, pensamos em união, companheirismo, parceria e somos bem unidas. Priorizamos coisas como jantar todas juntas na mesa, acordar juntas para arrumar a Naomi para a escola, assistir a filmes juntas sempre que podemos”, relata Dienifer. A mãe da Naomi ainda garante que a filha, que hoje tem seis anos, tem uma opinião formada e maravilhosa sobre ter duas mães: “ela é incrível”, afirma orgulhosa!

Renan, filho de Andreia

Renan Cavalari Popowicz é professor de teatro e filho da mãe solo Andreia Cavalari. Atualmente, os dois moram juntos em Londrina, cidade em que estão há cinco anos. “A gente morava em Campo Mourão e com 18 anos fui para São Paulo. Foi quando eu passei um dos momentos mais difíceis da minha vida”, relembra Renan, cujo suporte da mãe, mesmo de longe, foi essencial nesse período. Quando o professor conseguiu um emprego em Arapongas, se mudou para Londrina e mãe decidiu vir à cidade com ele.

A atitude e a mudança reforçaram a ideia que Renan tinha de família: “Família é um porto seguro. É aquele apoio, aquela catapulta, alavanca. É aquele aconchego quando tudo dói. Família é aquele que te abraça. Pode ser parente de sangue, uma pessoa que a vida escolheu, ou que você escolheu pra ser sua família”.

Outro desafio que os dois enfrentaram como família foi quando Renan se assumiu LGBT+, algo que pegou Andreia de surpresa: “eu não sabia que um dia eu passaria por isso. Primeiro veio a preocupação com a opinião dos outros, mas no meio de tanto turbilhão, eu aprendi os verdadeiros valores da vida: que é estar com meu filho e vê-lo feliz” afirma a mãe de Renan.

Segundo ela, ter passado por isso sem a presença do pai de Renan, de quem ela se separou quando o filho ainda era muito novo, foi muito difícil. “Com o tempo percebi que foi melhor, pois sem o pai, meu filho teve a liberdade de ser quem ele é”.

Hoje, Andreia é militante do coletivo Mãe pela Diversidade, grupo que a presenteou com muitos outros filhos. "Antes disso tudo, família para mim era cuidar da casa, aguentar o que a sociedade determina e viver um casamento sem amor e respeito. Eu prefiro viver a família que tenho hoje, sem mentiras ou hipocrisia", afirma Andreia.

Gabriela: mãe solo

Outra mãe solo que vive com o filho é a vendedora Gabriela Oliveira. Ela tem um filho de dez anos, Pedro Rodolfo. “Sempre enfrentei muitos desafios por criá-lo sozinha, principalmente porque somos só eu e ele. Minha família resolveu que eu deveria morar sozinha depois que o tive”, relembra Gabriela.

Ela conta que, no começo, teve muito medo e pensava que seria necessário um pai do lado para lidar com situações difíceis. “Demorou um pouco, mas notei que eu só precisava dar amor a ele e fazer o que meu coração mandava”. A mãe e o filho nutrem uma relação de muita confiança e companheirismo. “Andamos de bicicleta, lemos, assistimos a filmes e conversamos sobre tudo juntos. Ele me diz que eu sou a pessoa em quem ele mais confia”, conta.

Uma coisa que todos os entrevistados concordaram é que família não é necessariamente um grupo de pessoas que moram no mesmo lugar, ou uma relação criada apenas pelos vínculos sanguíneos. Família é uma escolha diária que envolve amor, respeito e cuidado.

Voltamos à pergunta inicial: o que é família para você? Qual é a configuração da sua?

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