O Museu de Zoologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), ligado ao Departamento de Biologia Animal e Vegetal da instituição, traz contribuições relevantes para a identificação de novas espécies de peixes no Brasil e na América do Sul. Ele abriga a sexta maior coleção de peixes do país, com cerca de 20 mil lotes catalogados de espécies de várias partes do Brasil, como a região norte e, principalmente, o estado do Paraná. O acervo também tem lotes emprestados de instituições e museus nacionais e internacionais. Só nos últimos 18 anos, foram identificadas e catalogadas 90 novas espécies de peixes por pesquisadores da UEL, em estudos conduzidos pelos professores Oscar Akio Shibatta, José Luís Birindelli e Fernando Jerep.

Segundo o professor José Luís Birindelli, a espécie mais antiga depositada no Museu foi capturada em 1903 nos arredores de Belém do Pará e foi doada pelo Museu Paraense Emílio Goeldi. Toda a coleção fica disponível para consulta e estudos de pesquisadores do mundo todo. Portanto, o Museu recebe frequentemente pesquisadores de outras instituições, com o objetivo de estudar o material depositado aqui, e também envia amostras para que outros pesquisadores possam estudar o material.

Birindelli conta que nos últimos 20 anos tem aumentado cada vez mais o número de pesquisas e, consequentemente, da descrição de novas espécies de peixes no mundo, principalmente no Brasil. A média é de 100 novas espécies catalogadas por ano nas Américas do Sul e Central. Atualmente, 6.255 espécies são conhecidas para a região como um todo. A expectativa é que existam cerca de três mil espécies não identificadas, e o número deve chegar ao total de 9.100 nos próximos anos.

O professor lembra que as primeiras espécies identificadas na região foram descritas por pesquisadores europeus. Porém, depois da década de 1970, devido ao incentivo em pesquisas locais, mais pesquisadores nativos se interessaram pelo estudo da diversidade de espécies nos locais. "Na América do Sul temos a maior diversidade de peixes do mundo, sendo as espécies principalmente de água doce. É uma diversidade maior do que a encontrada na barreira de corais na Austrália, onde é encontrada grande diversidade de peixes marinhos", relata Birindelli.

Não é preciso ir muito longe para descobrir uma nova espécie. Ele conta que no Rio Tibagi e rios afluentes, e também no Parque Daisaku Ikeda, em Londrina, novas espécies foram descobertas. É o caso do lambari, que ainda não tem nome científico, e é diferente de todas as outras espécies de lambari do continente. "Se aqui perto é assim, imaginem na gigantesca Amazônia! Lá, temos muito mais espécies para descobrir", afirma.

Pesquisas

Os estudos com peixes são realizados no Laboratório de Ictiologia (LIC) do Museu de Zoologia, que integra o prédio da Central de Laboratórios de Diagnóstico Ambiental (LADA), no Centro de Ciências Biológicas (CCB) da UEL. Os professores orientam atualmente sete estudantes de pós-graduação e oito de graduação. São pesquisas conduzidas nas áreas de Diversidade, Evolução e Biogeografia de Peixes, sob responsabilidade dos três professores.

Os professores fazem expedições em diferentes regiões do país. Munidos de redes, os pesquisadores entram em rios e fazem a captura, visando "amostrar" um representante de cada espécie que ocorre no local. A partir disso, levam os peixes coletados para o Laboratório e iniciam o estudo. Birindelli conta que sempre que uma espécie nova é descoberta, é necessário revisar e estudar todas as espécies descritas de grupo ou família que a ela pertence.

Para isso, todas as coleções do Brasil e de outros países são acessadas, para poder comparar as demais espécies com a descoberta. Os estudos são baseados principalmente em Morfologia, para identificar as características do peixe, como quantidade de escamas e dentes, por exemplo. Também se baseiam na Genética, ao comparar DNA de suas amostras com as de outras espécies de peixes, tentando reconhecer as mais próximas.

O professor considera que o tempo para registrar uma espécie nova varia muito, dependo do período de coleta até a publicação em uma revista científica. Isso porque, algumas não são descritas logo que coletadas. Ele cita o exemplo de algumas espécies que foram coletadas por descoberta pelo pesquisador Alfred Russel Wallace, no Rio Negro, em 1850. Segundo Birindelli, essas espécies foram ilustradas por Wallace, mas permaneceram o reconhecimento como espécies diferentes até mais recentemente. Elas incluem o peixe cachorro do rio Negro, descrito em 1999, um bagre descrito em 2006, e uma arraia descrita somente em 2016.

Para o pesquisador, descobrir espécies, dar nomes e identificar os locais em que elas estão é de extrema importância para a sociedade, porque é assim que se conhece a biodiversidade do planeta. "O mundo todo tem interesse na nossa fauna. E a gente trabalha descobrindo essa fauna. Este é o primeiro passo para qualquer outro estudo sobre aquele animal, seja conservação, genética ou bioquímica", defende José Luís Birindelli.

Coleção

Além do rico acervo de peixes, O MZUEL engloba ainda a coleção de répteis, com cerca de 2.000 exemplares catalogados. Além disso, também tem coleção de insetos, esponjas e pássaros. Os materiais são utilizados nas aulas de graduação, para apresentar os diversos tipos de animais aos estudantes do curso de Ciências Biológicas, Agronomia e Zootecnia. As coleções estão no CCB e contam com espaço físico de aproximadamente 180 m² para coleção úmida (animais inteiros conservados em líquido), coleção seca (apenas o esqueleto do peixe) e para exposição de material taxidermizado (empalhados).

Todas as espécies descritas pelo do Museu de Zoologia da UEL e as coleções do espaço estão disponíveis no site VEJA.

Fotos e informações de Agência UEL

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