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Parto humanizado: projeto em Londrina conscientiza mulheres sobre protagonismo feminino na hora de parir

por Mariana Paschoal 16.04.19

O que vem à cabeça quando você pensa em "parto humanizado"? Segundo Milene Souza, doula em Londrina, “as pessoas acham que parto humanizado é aquele parto normal no chuveiro, ou na banheira, aquele parto fofinho, com música. O que poucos sabem é que uma cesariana também pode ser humanizada”. Milene, que também é coordenadora do Projeto Gesta Londrina, explica que o parto humanizado é todo aquele em que a mulher é a protagonista daquele momento, ou seja, é aquele em que a mãe tem conhecimento de todos os procedimentos, riscos e de tudo o que acontece com o corpo dela no momento em que o filho nasce. “Se você entrou em trabalho de parto e decide fazer uma cesariana, se você opta por fazer uma cesariana eletiva, ou se você escolhe por fazer um parto normal sem assistência de um médico na hora… Tudo isso é parto humanizado, desde que todas as decisões tenham sido tomadas por você, com base em evidências científicas”, explica.

Cesariana intra-parto humanizada. Parto da Natalia no nascimento do Felipe

O Projeto Gesta surgiu há dez anos em Londrina e existe em várias cidades do Brasil. Se trata de um grupo de conscientização sobre o parto que promove uma roda de conversa sobre o assunto por mês. O intuito das conversas é conscientizar as mulheres sobre o parto, a gestação, a amamentação e temas relacionados à maternidade e ao feminino.

De acordo com Milene, apesar de ter como foco trazer de volta o protagonismo feminino na hora do parto, o grupo fala sobre tudo e está aberto para o público em geral. “É uma troca de experiências, não uma apresentação. A gente traz os conteúdos e aprende com os outros. Todos que passam pelo Gesta aprendem muito. Eu fui um caso. Virei doula e tive um parto bacana e consciente porque passei pelo grupo”, relembra.

Milene, Michele e Izabela, coordenadoras do Gesta Londrina

Milene engravidou aos 19 anos se lembra de ficar muito perdida em relação à gestação. Foi nessa época que ela descobriu o Gesta, através de uma amiga. “Ali eu criei consciência de que era possível ter um parto legal, mesmo não tendo uma estrutura financeira. Ainda tem muita gente que acha que parto humanizado é só para quem tem dinheiro e a gente tenta desmistificar isso”, esclarece. A doula teve seu parto na Maternidade Municipal Lucilla Ballalai, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Foi um parto de 30 horas, muito tranquilo. Mas tive que estudar muito para conseguir isso, para ter consciência de tudo o que estava acontecendo, de todos os processos e para não deixar tudo completamente nas mãos de outras pessoas”, certifica Milene, comprovando a importância que o Gesta teve nesse período de sua vida. Segundo ela, é uma questão cultural o fato de que a mulher engravida e entrega todo o processo na mão de outras pessoas, como a equipe médica, por exemplo. “Pessoas que não sejam a mulher grávida exercem funções muito importantes, mas somente a mãe é essencial, somente ela está sentindo tudo aquilo”.

Parto da Jeniffer no nascimento do Benjamin. Usando a banheira e massagem como alívio de dor não-farmacológico

A coordenadora do Gesta faz questão de frisar que o parto não é um evento só fisiológico. Se fosse, todas as mulheres teriam partos iguais, ou parecidos. “Tem um aspecto emocional muito forte que é influenciado pela história e vivência da mãe, então ela tem que entender que isso vai influenciar em tudo o que ela vai sentir e é isso que tentamos passar nas conversas”, esclarece. Quando a mulher que está parindo está consciente de todos os processos pelos quais o corpo passa, ela consegue mergulhar naquele momento e não se deixa levar pela dor, pelos hormônios, pelo emocional. “Tudo isso deixa a mãe mais suscetível ao desespero, desencadeando uma série de intervenções e emoções desnecessárias que podem tornar o parto traumático”, expõe Milene.

Como participar do Gesta 

As rodas de conversa são realizadas no primeiro, ou segundo sábado do mês, às 15h, no SESC Cadeião, que fica na Rua Sergipe, 52. As conversas são gratuitas e abertas a todos os interessados, não precisa estar grávida. “Pode levar o filho, o companheiro, o acompanhante, os amigos, as rodas são muito democráticas…”, explica Milene. Para acompanhar a programação do grupo, é só acessar o Facebook e o Instagram do Gesta.

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