Há algum tempo, ninguém (ou pelo menos, a maioria das pessoas) poderia prever que uma ameaça invisível aos olhos humanos colocaria em risco as nossas vidas e alteraria significativamente as esferas política, econômica, social, cultural...

Tudo está mudando, tudo pode mudar. A qualquer momento!

Dos inúmeros efeitos colaterais advindos de um isolamento social inesperado, ouso dizer que o que mais nos deixou desconfortáveis foi a sensação de impotência frente à imprevisibilidade. A pandemia pegou todo mundo de surpresa e nos deixou assim – vulneráveis, medrosos, ansiosos e incapazes de prever o futuro (nem mesmo o dia seguinte). 

 
 
 
 
 
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Mas se tem uma coisa que ela tem feito (ah, e tem feito muito bem!) é nos moldar.

Bem ou mal, o momento presente têm nos forçado a repensar e reformular diversas ações do nosso cotidiano. Do poupar dinheiro, das práticas sustentáveis, do cuidado com o próximo – até reflexões mais profundas, como o despertar de consciência sobre a brevidade da vida. Ninguém fica ileso. Todo mundo aprendeu e ainda está aprendendo alguma coisa. 

Enquanto a ordem do momento é a de não prever e nem ter o controle das coisas, os principais portais de pesquisas de tendências do mundo enxergam nessa imprevisibilidade uma nova sociedade e um novo comportamento de consumo.

É importante ressaltar que o objetivo deste texto não é minimizar os malefícios de uma pandemia, mas, sim, mostrar que este “saculejo” pode ter consequências boas, principalmente quando se pensa numa vida com mais significado. Eu, pelo menos, gosto de olhar por essa perspectiva. 

A grande verdade é que a pandemia do coronavírus tem sido o maior propulsor global de mudanças dos últimos tempos, resultando em novos hábitos de consumo, em um novo cenário para a indústria. À medida em que somos confrontados com a realidade, precisamos ser mais flexíveis, resilientes e, acima de tudo, criativos.

Não é necessário ser um expert para saber que nos próximos anos, ainda enfrentaremos grandes desafios. Mas é importante pensar que, depois da crise, o mundo permanecerá diferente – assim como os produtos e experiências a que estamos acostumados também serão diferentes. O isolamento social não durará para sempre, mas o modo como trabalhamos, vivemos e nos divertimos jamais será o mesmo.

Mas, afinal, como estaremos neste futuro não tão distante?

Antes de responder essa pergunta, eu preciso te explicar a diferença entre tendência e macrotendência

Tendência de moda é o que se usa e se consome em determinado momento. São peças de roupa, acessórios, calçados, cores, formatos e materiais presentes no gosto de determinado público em uma estação do ano ou época específica. A palavra tendência vem da expressão “tender a”, ou seja, remete a estar propenso a optar por algo, seguir ou escolher alguma coisa. Desse modo, pode-se dizer que as tendências de moda são previsões do que o consumidor deve escolher para vestir ou comprar.

As tendências são o fio condutor que guia e movimenta a indústria da moda. 

 
 
 
 
 
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Em oposição às tendências de moda – que se referem a um período relativamente mais curto, por exemplo, uma estação do ano, uma temporada, um tempo determinado –, as macrotendências são tendências observadas em um nível mais extenso e global. Trata-se de uma referência a grandes movimentos ou correntes socioculturais que influenciam as sociedades, a cultura, a economia e o consumo.

Pesquisadores de macrotendências traçam um panorama global de quais serão as tendências de consumo, os hábitos de vida e as escolhas que as pessoas estarão propensas a fazer por influência do contexto no qual elas estão inseridas.

Tendência é o que você vê nas passarelas, no street style, nas revistas de moda. Macrotendência é o comportamento do consumidor. É este segundo ponto que quero destacar aqui!

Tudo o que eu falei até agora era só enrolação um preâmbulo. Vamos, então, para a parte legal do texto: afinal, como será este consumidor nos próximos anos? 

De acordo com o Portal WGSN (líder mundial em previsões de tendências), os eventos atuais já estão reverberando nos sentimentos e comportamentos do novo consumidor. Fazendo uma previsão para 2022, a WGSN Insight destaca que fazemos parte de uma sociedade conectada (tecnologicamente falando), movida por quatro principais sentimentos (que são propulsores globais de comportamento): 

  1. Medo: 

Embora as manifestações de medo sejam diferentes de geração para geração, há questões em comum que impactam todas as faixas etárias – as incertezas ambientais e financeiras são as mais importantes, definidas como:

  • Ecoansiedade: preocupação crônica com as consequências geradas pelo aquecimento global;
  • Medo causado pela incerteza econômica (ou volatividade financeira);
  • Contágio emocional e dominação: medo financeiro potencializado pela transmissão de sentimentos na era digital.

Uma pesquisa feita sobre contágio emocional e viralização on-line revelou que os artigos do jornal The New York Times mais compartilhados por e-mail em um período de três meses eram aqueles que geravam emoções mais fortes, como espanto, raiva e medo.

  1. Dessincronização social

Em tempos de incertezas, ansiamos por estabilidade e rotina (embora pareça que o inverso esteja ocorrendo). Basicamente, a mesma tecnologia que facilita as nossas vidas está, ao mesmo tempo, nos dessincronizando socialmente

Uma sociedade sem sincronia é aquela em que as pessoas continuam a fazer as mesmas coisas, mas não na mesma hora em que as outras, pois o ritmo individual de cada um é diferente e mais variado. O resultado disso é a falta de uma interação consistente, nos deixando fragmentados socialmente.

  1. Resiliência equitativa: 

No clima atual de incerteza e aceleração, a resiliência – capacidade de resistir, absorver, se recuperar e se adaptar à adversidade ou à mudança – está rapidamente se transformando em uma prioridade emocional. No entanto, há uma preocupação crescente de que a resiliência individual esteja sendo medida de forma injusta, e que a obsessão pouco saudável de perseverar ou de ‘se manter na luta’ tenha se tornado uma espécie de troféu, e não uma habilidade emocional. A projeção para 2022 é que busquemos a aceitação emocional, abrindo-nos aos próprios sentimentos de forma autêntica.

  1. Otimismo radical: 

Ao que tudo indica, parece que em 2020 tivemos mais motivos para chorar do que para celebrar. A sensação é a de que o mundo todo perdeu a esperança. Mas há mudanças ocorrendo, e em 2022, o otimismo radical deixará a negatividade para trás, trazendo uma sensação imensa de alegria e prazer.

 

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Esses quatro propulsores globais de comportamento impactarão a mentalidade em relação ao consumo, resultando em três perfis de consumidores: 

  • Os estabilizadores:

Os estabilizadores priorizam o equilíbrio em todos os âmbitos da vida como uma reação à falta de sincronização e à sensação crônica de incerteza. Esse grupo – composto principalmente de millennials e Geração X – está começando a deixar de lado o culto à produtividade e a optar pela aceitação radical. A otimização é uma reação cada vez mais comum à sensação de exaustão. Perguntar-se como otimizar a carreira, a vida pessoal, o corpo e o tempo é a norma entre pessoas do mundo todo. A palavra de ordem é simplicidade.

  • Os comunitários:

Os comunitários estão desesperados para redefinir o ciclo global de agendas cheias de compromissos profissionais. Composto principalmente por Millennials e Geração X, esse grupo quer fincar raízes em suas comunidades, mas não em suas carreiras, inaugurando uma nova era do localismo.

  • Os novos otimistas:

Os novos otimistas são um grupo formado pela Geração Z e pelos Baby Boomers. Porém, apesar do amplo aspecto demográfico, eles têm diversos elementos em comum – o apetite voraz pela felicidade é o mais importante deles. Esse grupo, ao mesmo tempo jovem e velho, quer representação para todos. As gerações mais jovens estão vendo em primeira mão os impactos negativos dos estereótipos visuais e, por isso, exigem que todos se sintam representados. Em uma cultura obcecada pela juventude, as marcas precisam redefinir o conceito de idade e ampliar o diálogo para celebrar todas as faixas etárias.

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Concluo, por ora, que embora nos apoiemos na conectividade digital para sobreviver a este momento de turbulência, é o nosso anseio por conexão humana que moldará as nossas vidas a partir de agora. Vale ressaltar que essa busca por conexão não é uma tendência, mas, sim, um sentimento que perdurará, pois [felizmente] está inerente à nossa condição humana. 

As previsões são para 2022 mas eu espero, de verdade, que a gente consiga desde já viver uma vida com mais simplicidade, alegria e otimismo. 

A pandemia vai acabar. A vida vai continuar. Tudo vai ficar bem!

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Fontes consultadas: WGSN e SENAC. 

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