Moda

Conectar para Regenerar: a moda sustentável e inovadora do Brasil Eco Fashion Week

por Maria Torres 18.11.20

Confesso que já tem algum tempo que venho pensando, até mesmo resignificando, o trabalho na área da moda.

Nos anos de faculdade ou naquele fatídico momento “pós-canudo”, totalmente desorientada sobre o que fazer da vida profissionalmente, muita gente vinha me perguntar: porquê você não cria sua própria marca?

A resposta sempre vinha na ponta da língua: Não. Dá muito trabalho.

E realmente – a Maria Fernanda recém-formada tinha (e ainda tem) toda razão.

Dá trabalho e não só isso: empreender no Brasil é burocrático, é difícil, é dispendioso.  Tem que ter uma dose de coragem e uma boa grana pra investir.

Acontece que, de uns tempos pra cá, eu realmente venho pensando que criar uma marca própria não seria uma má ideia. Recentemente, ouvindo um podcast muito legal que falava sobre carreira e propósito, aprendi uma lição valiosa: em tempos de crise, aprendemos a ser criativos. Ou, em outras palavras: a escassez nos leva à inovação.

Sempre gostei de parafrasear Amélie Poulain: “São tempos difíceis para sonhadores”. Porém, revisto-me de muita coragem, neste momento, para reformular este famoso bordão do imperdível longa francês:

“Os tempos difíceis são bênçãos para os sonhadores”.

Eu não sei bem onde quero chegar com essa reflexão. Mas eu gostaria de deixar registrado, aqui, que ouvir aquele podcast inflamou em meu coração o desejo de empreender, de sair de minha zona de conforto e tirar da gaveta aqueles projetos intocáveis e aparentemente inacessíveis.

A palavra que ecoou em minha mente, ao considerar criar o meu próprio negócio, foi: propósito.

Moda com propósito.

Tornar o vestir um ato responsável tem sido um processo bem interessante para mim. De consumista compulsiva à desapegada (a ponto de vender quase todas as roupas para viajar), venho buscando ser, diariamente (e não só nos momentos de necessidade) uma consumidora mais consciente.

Essa consciência começa nas pequenas atitudes, inclusive, sendo bem repetitiva: é trazendo à consciência os problemas que a indústria do fast fashion geram na sociedade como um todo (momento auto-merchan: leia o meu outro texto em que falo um pouquinho sobre trabalho escravo, clicando aqui) que compreendemos que ainda há muita coisa a ser mudada. Mudança, essa, que é movida por nós mesmos.

Outro fator importante é informar-se sobre o que a indústria inovadora e sustentável têm produzido (ainda vale a pena acreditar que existe um outro lado da moeda!). É por isso que hoje eu quero apresentar um evento que já está em sua 4ª edição, mas eu até então desconhecia: o Brasil Eco Fashion Week!

Assim como o SPFW, que aconteceu nos dias 4 a 8 de novembro, a quarta edição do BEFW também será em formato 100% on-line, nos dias 18 a 28 de novembro.

O BEFW é reconhecido por reunir a moda brasileira sustentável em um só lugar. O evento, que este ano tem como tema: “Conectar para Regenerar: Moda e Planeta”, acontecerá entre os dias 18 a 28 de novembro, com uma programação que inclui desfiles, workshops, exposições e oportunidades de negócios. Toda a programação promove reflexões sobre novos modelos para a sociedade e a indústria.

Considerado o maior do segmento na América Latina, o evento de moda sustentável será palco para desfiles de 17 marcas, representando as cinco regiões do Brasil.

O evento também terá:

  • Painéis:

Cinco dias de conversas com diversos profissionais debatendo temas como: Cadeias de Produção Responsáveis, Cooperação entre Indústrias da Moda e Alimentação, Produção tradicional indígena, Programas e Certificações para o setor Têxtil, Moda como movimento colaborativo, A evolução dos Biomateriais na Moda, Empreendedorismo e Igualdade Racial, entre outros assuntos importantes para gerar reflexão sobre o presente e o futuro;

  • Workshops:

Quatro dias de workshops voltados para a criação de uma moda mais consciente. Entre os cursos, estão o de Maquiagem Sustentável, Mapa de Empatia e Comunicação Não-Violenta, Introdução ao Tingimento Natural, Introdução à Agrofloresta Têxtil, Moda Circular e Desafios da Modelagem Baixo Resíduo. Aqui você encontra a programação completa e ainda dá tempo de se inscrever :)

  • VAMO

Lançamento do coletivo VAMO (Vetor Afro-Indígena na Moda), grupo formado por um time de profissionais interraciais e que nasceu para iniciar um processo reparatório na moda nacional, onde pretos e indígenas possam ter ferramentas e oportunidades anteriormente negadas pela estrutura racista do mercado.

Além das marcas já citadas, produtores locais e cooperativas também estão na lista. Entre eles, a ​Justa Trama, de Porto Alegre, e a paulistana Manuí, que leva seus experimentos com materiais inovadores e tingimento natural.

O terceiro e último ponto que gostaria de destacar é que para ser um consumidor consciente, compre de marcas que tenham como propósito a sustentabilidade, o engajamento com questões sociais e o amor ao próximo.

Entre os participantes que se apresentam com fashion films, estão a cearense Catarina Mina, a paraibana Natural Cotton Color, a brasiliense Flávia Amadeu, o estilista Ronaldo Silvestre, e a moda artística de Leandro Castro, que produz peças com tecido de reuso na periferia de São Paulo. Na linha do Projeto Ponto Firme, a mineira Libertees estreia com seu projeto social de capacitação de mulheres detentas!

 
 
 
 
 
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É sempre bom lembrar que você também pode ser sustentável optando por comprar do pequeno, do artesanal, daquele amigo empreendedor que tá começando agora.

Por aqui, enquanto não tiro meu sonho do papel, vou acompanhando iniciativas como essa pra ficar inspirada e esperançosa por um mundo melhor.

As transmissões serão feitas pelo brasilecofashion.com.br/week :)

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Foto da capa: Leandro Castro, retirado do FFW.

Fontes consultadas: FFW e Metrópoles.

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